Perguntas e respostas

Maria, mãe de Jesus e mãe de Deus

Eucaristia

Por Prof. Carlos Ramalhete

 

A palavra Eucaristia provém de duas palavras Gregas Eu-Cháris: Ação de Graça e designa a presença Real de Jesus sob o pão e o vinho. Sabemos disso porque a Igreja nos ensina, e porque a Bíblia também o diz. Vejamos: No Evangelho de João, vemos Jesus fazendo uma série de coisas preparatórias para o seu discurso sobre a Eucaristia: Primeiro ele faz o milagre da multiplicação dos pães (Jo  6,5-13) mostrando assim sua capacidade de modificar miraculosamente as coisas criadas. Em seguida, ele caminha sobre as águas (Jo 6,19-20) mostrando seu controle sobre o seu próprio corpo.

Além dessas capacidades, ele faz o seu discurso Eucarístico (Jo 6,27-59). É um discurso afirmando que devemos buscar não a comida que perece (isto é, os alimentos do dia a dia), mas aquela que dura até a vida eterna, que ele nos dará (Jo 6,27). Em seguida ele trata do Maná, prefiguração da Eucaristia, e afirma que o Maná não era o verdadeiro pão dos Céus, e sim ele (Jo 6,31-40).

Assim como os Protestantes, os Judeus perguntaram como ele poderia dar a sua carne a comer. Note-se que o verbo que é usado na pergunta dos Judeus é o verbo ?Phageim? (comer). Jesus responde reafirmando o que já dissera: Quem não comer da minha carne e não beber do meu sangue não terá a vida eterna, e afirma que sua carne é verdadeiramente uma comida e seu sangue verdadeiramente uma bebida (Jo 6, 52-59). O verbo que é usado nesta resposta não é mais o verbo Phageim, mas o verbo Trogô, que significa mastigar. Ele está mostrando que não é uma parábola, não é um simbolismo, não é um memorial.

Muitos daqueles que o seguiam, não suportaram as palavras de Jesus. Ele, porém, não retirou o que dissera. Muitos dos que antes o seguiam, então se retiraram e não mais andaram com ele, por não suportarem seus ensinamentos sobre a Eucaristia. Note-se, como curiosidade, que o capítulo e o versículo que narra isso (Jo 6,66) é o único capítulo-versículo 666 de todo o Novo Testamento.

Em (Mateus 26,26) (Marcos 14,22) (Lucas 22,19) (1 Cor 11,23) Jesus diz que o pão e o vinho é seu corpo e seu sangue (Isto é meu corpo; isto é o Cálice do meu sangue). Teria sido perfeitamente possível, escrever Isto significa, ou  Isto representa. Não é porém isto o que está escrito. Está escrito que ?Isto é? o corpo e o sangue de Cristo. Esta é também, a fé pregada por Paulo em (1 Cor 11,27-29).

É evidente que o sacrifício de Cristo é um acontecimento único, que não precisa jamais ser repetido. Na Santa Missa, não há repetição do sacrifício; Jesus não é imolado de novo. A sua imolação única, porém, passa a estar novamente presente, por graça de Deus, para que possamos, nós também, receber seus frutos dois mil anos depois.

Aos Protestantes, cabe uma pergunta muito objetiva: Seria possível Cristo ser tão solene e tão claro, utilizando palavras tão majestosas e escandalizando a tantos incrédulos Judeus, apenas para prometer-nos um ?Pedaço de pão? que devemos comer em sua lembrança?

Seria Impossível.

Note-se que quando Deus mandou sacrificar o Cordeiro da páscoa no Egito e marcar as portas com seu sangue, ele também mandou comer da carne do cordeiro (Ex 12,1-11). Ora, o cordeiro era figura de Cristo, que é o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Não basta o sacrifício do cordeiro; temos também que comer sua carne.

Não há outras explicações contrárias. Na Eucaristia está realmente Cristo de corpo e sangue. Compare em suas palavras: Lázaro, sai do sepulcro e Lázaro sai imediatamente Mulher, está curada e ela fica curada Isto é meu corpo esse é o corpo de Cristo.

Ao negar a presença Eucarística, o Protestante nega as palavras de Cristo. Aliás, o que Paulo afirma acaba condenando o Protestantismo: ?É culpado do corpo do Senhor, come sua própria condenação, que não dicerne o corpo de Cristo de um vulgar pedaço de pão, e come esse pão indignamente?.

Eis a verdade irrefutável da Eucaristia!!!

O que é o mistério da Santíssima Trindade?



Antes de tudo é preciso explicar que a palavra mistério não quer dizer algo que seja impossível de existir ou de acontecer; mistério é apenas algo que a nossa inteligência não compreende. Se você, por exemplo, não é físico, a teoria da relatividade de Einstein é um mistério para você, mas não é para os físicos. Se você não é biólogo a complexidade da célula, dos cromossomos e dos gens pode ser um mistério, mas não é para aquele que estudou tudo isso.

Ora, Deus é um Mistério para todos nós, porque a Sua grandeza infinita não cabe na nossa inteligência limitada de criatura. Se entendesse Deus, este não seria o verdadeiro Deus. O Criador não pode ser plenamente entendido pela criatura; isto é lógico, é normal e é correto. Depois de tentar de muitos modos desvendar o Mistério da Santíssima Trindade, Santo Agostinho (†430) abdicou: ‘Deus não é para se compreendido, mas para ser adorado!” A criatura adora o seu Criador, mesmo sem o compreender perfeitamente. O pecado dos demônios foi não querer adorar a Deus seu Criador; quiseram ser deuses.

O Mistério da Santíssima trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode-se dar a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi Jesus sobretudo quem revelou o Pai, Ele como Deus, e o Espírito Santo; isto não foi invenção da Igreja.

A verdade revelada da Santíssima Trindade está nas origens da fé viva da Igreja, principalmente através do Batismo. “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13; cf. 1Cor 12,4-6; Ef 4,4-6) já pronunciavam os Apóstolos.

Deus é o Infinito de todas as potencialidades que possamos imaginar. Ele é Incriado; não foi feito por ninguém, não teve principio e não terá fim; isto é, é Eterno. A criatura não é eterna, pois um dia ela começou a existir; não era, e passou a ser, porque o Incriado a criou num ato de liberdade plena e de amor. O fato de você existir já é uma grande prova do amor de Deus por você; Ele quis que você existisse e o criou.

Deus é espírito (Jo 4, 24) não é feito de matéria criada, pois foi ele quem criou toda matéria que existe fora do nada; logo não poderia ter sido feito de matéria. Muitos têm dificuldade de entender a existência de um ser não carnal, espiritual, como os Anjos, Deus e a nossa alma; mas eles existem de fato. Ora, você não vê a onda eletromagnética que leva o sinal do rádio e da tv, mas você não duvida de que ela exista. Da mesma forma você não pode ver os anjos e a alma, mas eles existem.

Deus é Perfeitíssimo; Nele não há sombra de defeito ou de erro; Ele não pode se enganar e não pode enganar ninguém; não pode fazer o mal. Ninguém pode acusar Deus de fazer o mal; Ele só pode fazer o bem. Ele pode “permitir” que o mal nos atinja para a nossa correção (Hb 12, 4ss) e mudança de vida; mas Ele nunca pode criar o mal e nos mandar o mal. O mal vem da nossa imperfeição como criatura e do nosso pecado (Rm 6,23).

Deus é Onipotente (Gn 17,1; 28,3; 35,11; 43,14; Ex 6,3; Ap 1,8; 4,8; 11,17; 16,14; 21,22); pode tudo; nada lhe é impossível. “A Deus nada é impossível” (Lc 1, 37) disse o Arcanjo Gabriel a Maria na Anunciação. Não há alguma coisa que você possa imaginar que Deus não possa fazer simplesmente com o seu querer. Basta um pensamento Seu, uma Palavra, e tudo será feito porque Ele tem poder Infinito. Por isso só Deus pode criar, só Ele pode “tirar algo do nada”; só Ele pode chamar à existência um ser que não existia; a partir do nada. Para fazer um bolo a cozinheira precisa da matéria prima; Deus não precisa. A cozinheira “faz” o bolo, Deus “cria” a partir do nada.

Deus também é Onisciente; quer dizer sabe tudo; ninguém consegue esconder nada de Deus; Ele tudo vê. Deus é Onipresente (Sl 139,7; Sb 1,7; Eclo 16,17-18; Jr 23,24; Am 9,2-3; Ef 1,23); está em toda parte, porque é puro espírito. Diz o Salmista: “Senhor, Vós me perscrutais e me conheceis. Sabeis tudo de mim, quando me sento e me levanto... Para onde irei longe de teu Espírito? Para onde fugirei apartado de tua face? Se subir até os céus, Vós estais ali, se descer para o abismo eu Vos encontro lá.” (Sl 138,1-7)

E Deus é muito mais; Deus é nosso Pai amoroso com ensinou Jesus. É Amor (1Jo 4,8.) É fonte de vida e santidade (Rm 6,23; Gl 6,8; Ef 1,4-5; 1Ts 4,3; 2Ts 2,13-17). É ilimitado ( 1Rs 8,27; Jr 23,24; At 7,48-49). É misericordioso (Ex 34,6; 2Cr 30,9; Sl 25,6; 51;1; Is 63,7; Lc 6,36; Rm 11,32; Ef 2,4; Tg 5,11). É o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (Gn 1,1; Jó 26,13; Sl 33,6; 148,5; Pv 8,22-31; Eclo 24,8; 2Mc 7,28; Jo 1,3; Cl 1,16; Hb 11,3). É o Juiz do universo (1Sm 2,10; 1Cr 16,33; Ez 18,30; Mt 16,27; At 17,31; Rm 2,16; 2Tm 4,1; 1Pd 4,5).

Deus é uno (Dt 32,39; Is 43,10; 44,6-8; Os 13,4; Ml 2,10; 1Cor 8,6; Ef 4,6); não pode haver mais de um Deus simplesmente pelo fato de que se houvesse dois deuses, um deles seria inferior ao outro; e Deus não pode ser inferior a nada; Ele é absoluto.

A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: “a Trindade consubstancial”, ensinou o II Concílio de Constantinopla em 431 (DS 421 ). As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza” (XI Concílio de Toledo, em 675, DS 530). “Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina” (IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).

“Deus é único, mas não solitário” disse o Papa Dâmaso (Fides Damasi, DS 71). “Pai”, “Filho”, “Espírito Santo” não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: “Aquele que é Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530). São distintos entre si por suas relações de origem: “É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede” (IV Conc. Latrão, e, 1215, DS 804). A Unidade divina é Trina.

“Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Conc. Florença, em 1442, DS 1331).

O Símbolo Quicunque de Santo Atanásio assim explicava: “A fé católica é esta: que veneremos o único Deus na Trindade, e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas, nem separando a substância: pois uma é a pessoa do Pai, outra, a do Filho, outra, a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, co-eterna a majestade”(DS 75).

A Santíssima Trindade e inseparável naquilo que são, e da mesma forma o são naquilo que fazem. Mas na única operação divina cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, sobretudo nas missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo.

Pela graça do Batismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) somos chamados a compartilhar da vida da Santíssima Trindade, aqui na terra, mesmo na obscuridade da fé, e para além da morte, na luz eterna. Esta é a nossa magnífica vocação.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!

Prof. Felipe Aquino – 10 de março de 2007

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O que é o Santo Daime?

 

Por: D.Estevão Bettencourt

Revista Pergunte e Responderemos, n.340; 1990; pg 422

 

“A palavra “Daime”, segundo explicam os que a professam, vem do verbo “dar” no imperativo. “Dai-me paz, saúde e felicidade”, eis a aspiração implicada por esse vocábulo. “Santo Daime” designa uma bebida (chá - ayahuasca) preparada parada mediante o cruzamento de dois vegetais da Floresta Amazônica cipó jagube e a folha chacrona.

 

Tal bebida é utilizada por grupos indígenas do continente americano desde a época pré-colombiana em rituais mágico-religiosos, a fim de proporcionar intuições, alívio físico e psíquico, curas… Ora, eis que no século XX habitantes negros e brancos do Brasil descobriram tal bebida e seus efeitos poderosos, e constituíram em torno dela uma corrente religiosa eclética, cujas origens passaremos a ver.

 

Raimundo Irineu Serra, negro, nascido em 1892 no Maranhão, foi para o Acre com 20 anos de idade, integrando o movimento migratório de nordestinos para trabalhar na extração do látex. Na Floresta Amazônica, Irineu e seus companheiros foram fundindo a sua cultura com a dos índios; aprenderam a preparar a bebida de cipó jagube e folha chacrona. O uso desse chá proporcionou a Irineu as suas “mirações”: “apareceu-lhe” uma mulher chamada Clara, que se dizia Nossa Senhora da Conceição, a Rainha da Floresta. Relatou Irineu que foi ela quem deu o nome do “Santo Daime” à bebida e ditou normas para a realização do respectivo ritual.

 

Teria revelado a “Senhora” que aquela bebida tinha muitos nomes, mas o verdadeiro era o próprio verbo divino “dar” - dar para os que necessitassem e pedissem -, originando assim o nome “Daime”. “Daime amor, Daime luz, Daime força” são expressões características do Santo Daime.

 

O Mestre Irineu passou por uma fase de iniciação no interior da floresta, incluindo jejum de alimentos e abstinência sexual, a fim de adquirir (como se dizia) poderes de mira, vidência e comunicação com os espíritos.

A doutrina revelada a Irineu se codificou nos hinos do Santo Daime, que correspondiam à Bíblia Sagrada; esses hinos, recebidos do além, são tidos como a linguagem de comunicação com o astral, onde estão todos os seres divinos. Neles se encontram expressas crenças do cristianismo, das religiões africanas e das indígenas, ou seja, de três culturas (a branca, a negra, a indígena). Evocam Jesus Cristo, Nossa Senhora da Conceição, São João Batis­ta, o patriarca São José, Tuperci, Ripi Iáiá, Currupipipiraguá, Equiôr, Tucum, Barum, Marum, Papai Paxá, B.G., Rei Titango, Rei Agarrube, Rei Tintuma, Princesa Soloína, Princesa Janaína e Marachimbé.

 

Os seguidores do Mestre Irineu tomaram o nome de “Povo de Juramidam”, expressão composta de Jura (= pai) e Midam (= filho). Tal é o nome que o iniciador da seita diz ter recebido das entidades divinas. Juramidam represen­ta a segunda volta de Jesus Cristo à terra, sendo assim o Povo de Juramidam o Povo de Jesus Cristo.

 

Mestre Irineu foi se deslocando no Estado do Acre de região em região, até que em 1945 recebeu do senador Guiomar dos Santos uma área no local denominado “Colônia Custódio Freire”, onde fundou o Centro de iluminação Cristã Luz Universal, o Alto Santo, que chegou a congregar 500 membros efetivos e receber milhares de visitantes desejosos de conhecer o Santo Daime.

 

A fama dessa instituição se espalhou no estrangeiro, de modo que até junho de 1980 um total de 1201 pessoas vindas do exterior haviam assinado o livro de visitantes e tomado o Santo Daime. Provinham da Argentina, da Bolívia, do Peru, da Colômbia, da Venezuela, do Chile, da Inglaterra, da França, da Itália, da Suíça, da Alemanha, de Portugal, de Israel, do Canadá e do Japão.

 

Outra sede do Santo Daime é a Colônia dos Cinco Mil (Acre), que no foro civil é registrada como entidade filantrópica, tendo o nome de “Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra” (CEFLURIS). Em 1976 havia na Floresta Amazônica 25 Colônias unidas entre si pela utilização do Santo Daime. As festas oficiais do Santo Daime acompanham o calendário cristão. O ano religioso começa em 6 de janeiro, em homenagem aos Três Reis do Oriente. Isso, porém, não implica compromisso como cristianismo; o Santo Daime é um sincretismo religioso, que atrai por suas promessas de “cura” e “mirações” (intuições). Não se coaduna com a fé católica.

 

O governo brasileiro oficializou na terça-feira (26) as regras para o uso religioso do ayahuasca, chá também conhecido como santo-daime, entre outras denominações, e utilizado principalmente em cerimônias religiosas no Norte do País. A resolução, publicada no Diário Oficial da União, veta o comércio e propagandas do composto, que só poderá ser cultivado e transportado para fins religiosos e não lucrativos. Em 1985, a bebida chegou a ser proibida no País, mas liberada dois anos depois, para uso religioso. No início dos anos 90 houve nova tentativa de proibir o chá, também refutada. Em 2002, mais uma vez houve denúncias de mau uso do chá”.

 

D. Estevão Bettencourt.

 

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Imagens e ídolos

 

 

Desde os primeiros séculos os cristãos pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos Santos e dos Anjos, não para adorá-las, mas para venerá-las. As catacumbas e as igrejas de Roma, dos primeiros séculos, são testemunhas disso. Só para citar um exemplo, podemos mencionar aqui o fragmento de um afresco da catacumba de Priscila, em Roma, do início do século III. É a mais antiga imagem da Santíssima Virgem, uma das mais antigas da arte cristã, sobre o mistério da Encarnação do Verbo. Mostra a imagem de um homem que aponta para uma estrela situada acima da Virgem Maria com o Menino nos braços. O Catecismo da Igreja traz uma cópia dessa imagem (Ed. de bolso, Ed. Loyola, pag.19).

 

Este exemplo mostra que desde os primeiros séculos os cristãos já tinham o salutar costume de representar os mistérios da fé por imagens, em forma de ícones ou estátuas. É o caso de se perguntar, então: Será que foram eles “idólatras” por cultuarem essas imagens? É claro que não? Eles foram santos, mártires, derramaram, muitos deles, o sangue em testemunho da fé. Seria blasfêmia acusar os primeiros mártires da fé de idólatras.

 

No século VIII, sob influência do judaísmo e do islamismo, surgiu um movimento herético que se pôs a combater o uso das imagens. Eram os iconoclastas. O grande e principal defensor do uso das imagens na época, foi o santo e doutor da Igreja S. João Damasceno (de Damasco), falecido em 749, o qual foi muito perseguido por se manter fiel e defensor dessa  santa Tradição cristã.

 

A fim de dirimir as dúvidas sobre a questão, o Papa Adriano I (772-795) convocou o II Concílio Ecumênico de Nicéia, que se realizou de 24/09 a 23/10/787. Assim se expressou o Concílio, resolvendo para sempre a questão:

“Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres, e da Tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como a representação da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, quanto a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos”  (Catecismo da Igreja Católica, nº 1161).

 

Essas palavras, por serem de um Concílio da Igreja, são ensinamentos oficiais e infalíveis, e não podemos colocá-los em dúvida. O grande S. João Damasceno dizia: “A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para meus olhos,  tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus “ (nº 1162).

 

O nosso Catecismo explica que: “A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova “economia” das imagens”( 1159).

 

S. Tomás de Aquino (1225-1274) também defendia o uso das imagens, afirmando: “O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem“(  2131).

 

Muitos querem incriminar a Igreja Católica, afirmando que ela desrespeita a ordem que Deus deu a Moisés : “não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo…” (Dt 4,15-16).

Os cristãos, desde os primeiros séculos, entenderam, sob a luz do Espírito Santo,  que Deus nunca proibiu  fazer imagens, e sim “ídolos”, deuses,  para adorar. O povo de Deus vivia na terra de Canaã, cercado de povos pagãos que adoravam ídolos em forma de imagens (Baals, Moloc, etc). Era isso que Deus proibia terminantemente. A prova de que  Deus nunca proíbiu imagens, é que  Ele próprio ordenou a Moisés que fabricasse imagens de dois Querubins e que também pintasse as suas imagens nas cortinas do Tabernáculo. Os querubins foram colocados sobre a Arca da Aliança.

 

“Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro… Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa … “ (Ex. 25,18s, Ex 37,7; 1 Rs. 6,23; 2 Cr. 3,10).

“Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido, de púrpura violeta sobre as quais alguns querubins serão artísticamente bordados” (Ex. 26,1.31).

 

Que fique claro, de uma vez por todas, Deus nunca proibiu imagens, e sim,  “fabricar imagens de deuses falsos” . O mesmo Deus mandou que, no deserto, Moisés fizesse uma imagem de uma serpente de bronze (Nm 21, 8-9), que prefigurava Jesus pregado na cruz (Jo 3,14). Também o rei Salomão, quando construiu o templo, mandou fazer querubins e outras imagens (I Rs 7,29). O culto que a Igreja Católica presta a Deus, e só a Deus, é um culto chamado “latria”, isto é, de adoração. Aos anjos e santos é um culto chamado “dulia”, de veneração. Maria, como Mãe de Deus recebe o culto de “hiper-dulia”, super-veneração digamos, mas que está muito longe da adoração devida só a Deus.

 

São Pedro, ao terminar a  segunda Carta falava do perigo daqueles que interpretavam erroneamente as Escrituras: “Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes  ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2 Pe 3,16).

 Infelizmente isto continua a acontecer com aqueles que querem dar uma interpretação individual à Palavra de Deus, sem autorização oficial da Igreja, levando multidões ao erro. Só a Igreja é a autêntica intérprete da Bíblia (cf.Dei Verbum,10), pois foi ela que, inspirada pelo Espírito do Senhor (Jo 16,12), a compôs.

 

As imagens, sempre foram, em todos os tempos, um testemunho da fé. Para muitos que não sabiam ler, as belas imagens e esculturas foram como que o Evangelho pintado nas paredes ou reproduzido nas esculturas. E assim há de continuar a ser.

 

É claro que o culto por excelência é prestado a Deus, mas isto não justifica que as imagens sejam retiradas das nossas igrejas. Ao contrário, elas nos lembram que aqueles que elas representam, chegaram à santidade por graça e obra do próprio Deus. Assim, as imagens, dão, antes de tudo, glória a Deus. Quando nos ajoelhamos diante de uma imagem de um santo, ou da Virgem Maria, não é para adorar a imagem ou o santo, mas para rezar a Deus, invocando a intercessão do santo.

 

 

Como falar de Maria, uma mulher que admirada aos olhos de Deus é escolhida para ser a Mãe do Salvador. Uma jovenzinha encontrada Graças diante de Deus,  mesmo sem entender nada diz sim ao projeto de Deus, apenas faz uma indagação: como conceber um filho se ela jamais teria tido relação com homem algum? Mas o anjo responde ( Lc. 1,35 )...  o Espirito Santo virá sobre você e a força do Altíssimo lhe cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado  Filho de Deus.

Maria é mãe de Jesus e mãe de Deus? Esta pergunta pode ser respondida se interpretarmos a Palavra de Deus segundo o Espirito Santo. Vejamos que na saudação o anjo diz que aquele que dela nasceria seria filho do Altíssimo. Noutra passagem, Isabel não sabia que Maria estava gravida e no entanto a presença de Maria em sua casa Isabel a saúda dizendo: ( Lc. 1,43 ) Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? . Logo que a tua saudação veio aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre.
Para os judeus a palavra Senhor é somente pronunciado para Deus. Por estas palavras seja do anjo, seja de Isabel podemos deduzir que Maria não é mãe somente de Jesus enquanto homem, mas torna-se também mãe de Deus a partir da encarnação de Jesus.

Dizer que Maria não é mãe de Deus em outras palavras é negar a divindade de Jesus.

Quando olhamos para Maria e percebemos sua atitude diante de Jesus ainda mais a admiramos, ela tem a incumbência de educa-lo, de forma-lo no seu caráter. Maria soube como ninguém sentir as angustias de Jesus. Quando Jesus assume sua vida publica ela assume a qualidade de primeira discípula de seu filho.

No evangelho seu nome aparece pouco, o evangelista que mais se atem a ela é Lucas, este procura mostra-la como aquela que serve, a serva que mesmo tendo uma grande importância para a história da salvação torna-se a menor de todas, se prestarmos atenção veremos que Maria está sempre a servir. Serve sua prima Isabel; serve nas bodas de Cana. Maria é aquela que durante a vida publica de Jesus está o acompanhando de perto seus ensinamentos. Maria viveu para seu Filho.

Quando também refletimos Jesus como pessoa humana, podemos perceber que ele é na realidade um modelo de sua mãe, seja na aparência e mesmo no comportamento. Hoje a ciência diz que trazemos carga genética de nossos pais, isto é, somos uma soma de pai de mãe, trazemos dentro de nós toda uma herança hereditária.

Jesus como pessoa humana sendo filho biológico somente de Maria, trás consigo toda esta herança genética de sua mãe. na verdade aquele sangue descido da cruz era o sangue de sua mãe ( literalmente).

É importante também dizer que quando Jesus ressuscita, o local onde ocorre as reuniões dos apóstolos é na casa de Maria como diz o livro do atos dos apóstolos. Por este acontecimento podemos deduzir que com a morte de Jesus, Maria assume a responsabilidade de condução dos discípulos, cabe a ela ser aquela que conforta, motiva os apóstolos a prosseguirem a missão dada por Jesus a eles.

O que fica para nós sobre esta expendida mulher é o modelo de Fé, modelo de serviço, modelo de amor ao próximo. O que fica para nós é a certeza que Maria foi e é uma mulher muito importante para a historia da salvação.

Maria não foi simplesmente a genitora ou simplesmente a escolhida para trazer a Salvação. Mas foi aquela que a partir de seu sim, Deus cria um novo mundo. Não aquele mundo onde a mulher pela vaidade, pelo egoísmo destruiu, mas o mundo que através da sua humildade Maria destroi a serpente. Enquanto uma mulher com seu não, destruiu todo o projeto de Deus, Maria com seu sim restabeleceu a aliança do povo com Deus na pessoa de Jesus.
Ataíde Lemos
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A PRESENÇA REAL E SUBSTANCIAL DE JESUS NA EUCARISTIA